sexta-feira, 17 de junho de 2011

Jun 15, 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cristina Falcão: Mentira

Cristina Falcão: Mentira

Cristina Falcão: VÁCUO

Cristina Falcão: VÁCUO

Cristina Falcão: Sabores

Cristina Falcão: Sabores

Cristina Falcão: Instante

Cristina Falcão: Instante

Cristina Falcão: Se a Vida me consentir

Cristina Falcão: Se a Vida me consentir

Cristina Falcão: O loito de Alice

Cristina Falcão: O loito de Alice

Cristina Falcão: The same water - a different wave

Cristina Falcão: The same water - a different wave

Cristina Falcão: Corri mundo.

Cristina Falcão: Corri mundo.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Corri mundo.

Corri mundo.

Corri brejos, passei mil Tejos

Corri terras, corri mares,

Saltei pontes, bebi de fontes.

Vi países, li brochuras.

Em mim corriam diabruras e loucuras,

Continuei em frente, sem ternuras.

E fui mais longe, mais além.

Fui a terras de ninguém,

Atravessei desertos, sem vintém.

Vi almas penadas

As coitadas....

E continuei a correr

Por mais não saber.

E um dia voltei ao ponto dó.

Nada mudara, tudo ficara.

Não lamentei a correria,

Nem o livre alvedrio.

E, se alguém ler estas letras,

Fique ciente que não são petas.

Sou só, mais não sei....

Que errar na vida ao som

De cem guitarras funestas

Amarfanhando giestas.

Quis-me a Vida assim...

CLF

The same water - a different wave

The same water - a different wave
What matters is that it is a wave
What matters is that the wave will return
What matters is that it will always be different
What matters most of all: however different the returning wave, it will always return as a wave of the sea.
What is a wave? Composition and muscle. The same goes for lyric poetry.

(Marina Tsvetaeva )

O loito de Alice

• O loito de Alice
A tarde, dolente, caía
As horas rolavam rumo ao sáfiro horizonte,
Eólio dormia e os seus núncios nem buliam.

O trigo, fulvo, preguiçava na doce modorra
Do entardecer,
Pávido da estática circunstância da Natureza.

Na ribeira, as pedras chiavam baixinho
E a água, pedia vénia para continuar.
Mais perto, o malmequer escondia a gema do seu ser,
Para não contrastar com o magenta da noite
Que já se mostrava.

Nada mexia, nada se ouvia,
Pois junto ao pélago dos narcisos
Pranteava-se o loito de Alice
Que em alabastrino trajo jazia
E o álacre viço do verde clareava.

As mãos, ainda cheias de ardor
A Eros ofertava.

CLF

Se a Vida me consentir

Vou embriagar-me de ti
Até minha razão desvairar.
Se a vida me consentir,
E cupido não me impedir,
De tanto amor cuidar,
Vou roubar as estrelas para te dar,
Pear o mar para te refrescar,
Mover apriscos globos esquecidos,
Dobrar as pedras ao teu Alvedrio,
Açoutar os ventos que te aborreçam,
Queimar o sol que te assole,
Cometer à lua que te esteja sempre plena,
Avocar os Deuses para te embalar,
Esgotar milhões em jóias coloridas,
Que hão-de enfeitar-te mil vidas,
Levar-te ao Olimpo de terras
Nunca imaginadas,
Onde as flores têm cores concentradas,
E as filo melas são eternas.
Vou entronizar-te na glória única
De seres o génio ímpar,
Que causa o revérbero das ledas manhãs,
E o prásio matiz da esperança.
E tudo isto eu farei porque
O amor nunca se contenta
Tudo perdoa, tudo consente,
E morre, constante, e leal,
Ainda que Judas seja o dilecto ideal.

“Se a vida me consentir” CLF 2002

Instante

Instante

Pudesse eu parar este momento
em que estás a olhar-me assim.
tomar a tua mão na minha,
e sentir o teu corpo em mim.

Pudessem as nuvens não mais voltar
E o azul do meu contentamento celebrar.

Pudesse o teu pensamento ser só de mim feito
E saber que a ninguém o vais dar.

Pudessem os dias não mais passar,
A terra echar de girar,
As quadras cessar de trocar
E a alma de meu riso ficar.

Pudesse eu este instante com cinzel gravar,
e o eco de Tristão e Isolda imortalizar.

Pudessem os teus olhos só os meus encontrar
E só neles morar
Para o momento parar.

CLF

Sabores

SABORES


Se um dia sonhares
Sonhos de mil cores
Foi porque os nossos olhares
Juntaram sabores.

Sabores antigos e doces
Das tuas mão amadas;
Ah, se o mundo nunca mais fosse
Senão margaridas encantadas!

Seguimos as vozes do vento e do mar,
Perdemos o pão e a escada do ar,
Caímos no vórtice dos nossos beijos,
Em trovas ardentes de desejos.

E desde então, sou porque tu és
E desde então, sou, somos, porque és
E desde então, serei, seremos, porto lés
E desde então, fico, ficamos, nas marés.

CLF

VÁCUO

• VÁCUO
Quiseste-me, quando quisesses.

Pensei que chegaras a um porto,

Cujo movimento era ali estares.

E enquanto estiveste

Nada disseste, nem me buscaste.

Já não me importo

Até com o que amo ou creio amar.

Nada me resta

Da tua festa.

Esperei ardor, calor, amor,

Mas tiveste a emoção por vivida.

E tens-me indiferente ao que sou

Rumo além, já traçado,

E a tua ausência desse porto,

Fez-me de pedra e cal concebida.

CLF

VÁCUO

• VÁCUO
Quiseste-me, quando quisesses.

Pensei que chegaras a um porto,

Cujo movimento era ali estares.

E enquanto estiveste

Nada disseste, nem me buscaste.

Já não me importo

Até com o que amo ou creio amar.

Nada me resta

Da tua festa.

Esperei ardor, calor, amor,

Mas tiveste a emoção por vivida.

E tens-me indiferente ao que sou

Rumo além, já traçado,

E a tua ausência desse porto,

Fez-me de pedra e cal concebida.

CLF

Mentira

• Mentira
Tentei sentir-te

Em vão…

Perderas-te no horizonte
Sem saber onde estavas
Sem saber que já não voltavas

Nunca soubeste mentir...

E foi assim que o som dos teus passos
Caminhando ao infinito
Como sino cego e mudo

Ressoaram em mim.

CLF, 2007