segunda-feira, 6 de junho de 2011

Se a Vida me consentir

Vou embriagar-me de ti
Até minha razão desvairar.
Se a vida me consentir,
E cupido não me impedir,
De tanto amor cuidar,
Vou roubar as estrelas para te dar,
Pear o mar para te refrescar,
Mover apriscos globos esquecidos,
Dobrar as pedras ao teu Alvedrio,
Açoutar os ventos que te aborreçam,
Queimar o sol que te assole,
Cometer à lua que te esteja sempre plena,
Avocar os Deuses para te embalar,
Esgotar milhões em jóias coloridas,
Que hão-de enfeitar-te mil vidas,
Levar-te ao Olimpo de terras
Nunca imaginadas,
Onde as flores têm cores concentradas,
E as filo melas são eternas.
Vou entronizar-te na glória única
De seres o génio ímpar,
Que causa o revérbero das ledas manhãs,
E o prásio matiz da esperança.
E tudo isto eu farei porque
O amor nunca se contenta
Tudo perdoa, tudo consente,
E morre, constante, e leal,
Ainda que Judas seja o dilecto ideal.

“Se a vida me consentir” CLF 2002

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