segunda-feira, 6 de junho de 2011

O loito de Alice

• O loito de Alice
A tarde, dolente, caía
As horas rolavam rumo ao sáfiro horizonte,
Eólio dormia e os seus núncios nem buliam.

O trigo, fulvo, preguiçava na doce modorra
Do entardecer,
Pávido da estática circunstância da Natureza.

Na ribeira, as pedras chiavam baixinho
E a água, pedia vénia para continuar.
Mais perto, o malmequer escondia a gema do seu ser,
Para não contrastar com o magenta da noite
Que já se mostrava.

Nada mexia, nada se ouvia,
Pois junto ao pélago dos narcisos
Pranteava-se o loito de Alice
Que em alabastrino trajo jazia
E o álacre viço do verde clareava.

As mãos, ainda cheias de ardor
A Eros ofertava.

CLF

Sem comentários:

Enviar um comentário